O Cerimônia do Chá está migrando – graças a um trabalho coletivo, que envolve a ilustradora Letícia Shinotsuka e a designer Jana Tahira, que fez o layout do novo site, Gustavo Burckhardt, que deu toda a assessoria inicial para uma leiga, e o também designer Juan LLamosas, que fez tudo isso ser possível colocando o blog no ar (e assina apenas como “customização wordpress”, mas não existe crédito para toda sua paciência e profissionalismo).  Engato na lista de agradecimentos à trendshop Japonique, onde o evento de pré-lançamento aconteceu no sábado passado.

Veja as fotos já no novo site!

Toda vez que vou a Buenos Aires, acabo fazendo uma viagem peculiar – e cada vez por um motivo. Eu estava felicíssima de ter sido convidada pelo Paulo (meu amigo de muitos e muitos anos) para seu casamento na cidade. Recolhi uma série de endereços de chás para tomar Chamana, Inti.zen, Tea Connection, Tealosophy e nenhum dos planos deu muito certo – exceto por Tealosophy (aguardem um post especial sobre a loja). Achei que ia passar horas cruzando Palermo de ponta a ponta, matar as saudades de Palermo Viejo… e nada! Fiquei pulando de galho em galho, de amigo em amigo, charlando, tomando chá, celebrando os encontros. Ou seja, uma verdadeira cerimônia que durou quatro dias!

Juan (o da direita, por favor, o outro eu não faço a mínima ideia de quem seja) foi meu anjo da guarda. Além de ter me hospedado, ele foi comigo fotografar a loja de Inés Berton em Palermo. A Tealosophy fica em um espaço com carinha de Provence (com direito a jasmins no chão), a Galeria Paul. Fazia tempo que eu não via Juan – desde a minha última viagem a Buenos Aires, em 2004 – e fazia tempo também que não nos falávamos. Retomamos contato recentemente para falar do blog Cerimônia do Chá. Juan foi um dos amigos fundamentais para fazer o blog renascer.

Depois de eu quase surtar na Tealosophy, segui a pé até o Ilum Experience Home, onde estavam hospedados os noivos (Paulo y Paula). Como eu sempre passava lá para dar um “oi” e essas passadinhas nunca duravam pouco tempo, acredito que tenha sido o salão onde mais passei tempo tomando chá, sempre da marca José, mate ou de rosa mosqueta. A trouxinha que armazena a erva é linda, mas me deixa um pouco aflita imaginar que elas não tem para onde se expandir, ficam todas apertadinhas lá dentro.

Ainda na minha lista de queridos amigos, pude rever mi “mama argentina”, a Titi, mãe do Andy, duas pessoas queridas que muito me influenciaram no hábito de tomar chá.

Titi até me emprestou um livro, passamos horas falando de nossas paixões, descobertas, fases de vida… Tentamos encontrar alguns chás de Tealosophy na sorveteria Volta – mas o endereço da Santa Fé, infelizmente, não tem chás desta marca. No entanto, nos compensou com um jardim agradável!

Outros grandes momentos de conversa e aconchego foram compartilhados com meus anfitriões, Juan y Patricia, sua namorada, que eu acabo de conhecer, mas era como se estivesse na minha vida há alguns anos. Patricia carinhosamente preparava o café da manhã (e Juan o jantar) e sentávamos juntos para passar bons momentos. O que eu mais gostava era da hora do mate, é claro, afinal, estava em Buenos Aires.

Manhãs de frio e sol, com a chaleirinha da casa e o mate misturado com um pouco de açúcar e casca de laranja.

ichigo ichie

E, além de colocar meu blog no ar, em pé, Juan ainda me envia o seguinte e-mail depois da minha volta:

ASSUNTO: encontrei isso e lembrei de você

a cuarta característica da arte zen

Naturalidad (Shizen)

Ausencia de fingimiento o artificio. Lo que significa en este contexto no es lo mismo que “naturaleza en estado bruto”. Es “no irrazonabilidad”, “no idea”, “no intensión”. Esta naturalidad no puede ser prevista. En el rito del té se dice: “Es bueno que las cosas sean sabi, pero hacer sabi las cosas no es bueno, pues es forzado y artificial”. Aquello que alguien vuelve natural es innatural. La naturalidad debe involucrar una plena intensión creativa y, al mismo tiempo, debe ser inartística y no forzada.

Extractos del libro Zen y Arte, publicado en Japón en 1958, por el caligrafo pintor Sinyu Morita.

chá de sumiço

02/05/2011

É, tomei um chá de sumiço. Fiquei dias e dias sem postar. Fiquei muitos outros dias fazendo duplo expediente, tomando chazinho, sem tomar chazinho (e quando chega a gripe, tomar chá perde toda a graça, principalmente quando os sabores são sutis – oK, o conforto compensa). Faço um breve mea culpa neste post, que começa com uma foto da mesa de trabalho e cronogramas malucos. Começo a contar também que estes dias no vácuo culminam em uma bela surpresa… Aproveito e faço também uma leve retrospectiva e deixo algumas dicas de pequenos encantamentos que podem salvar qualquer pessoa de pilhas de papéis, caixa de e-mail lotada e poucas horas de sono por noite.

Açaí green tea, da Revolution Tea

Quando a Aline, da Revolution Tea, esteve em São Paulo, presenteou eu e Lu Sato (Lu, ainda tem saquinhos para você aqui em casa) com um dos lançamentos da marca. A energia do açaí, bem presente no chá, quase deixando o verde sumir, me salvou em algumas noites de trabalho e  fez muito sucesso no brunch de aniversário do Thompson.

Chá verde de jasmin

Este foi lembrancinha da Ana, chefe-fofa… Fazia muito tempo que eu não tomava chá verde com jasmin – que sempre vai me fazer pensar na Andrea Capella, que, toda vez que passava por São Paulo, levava um carregamendo (tipo 50 saquinhos) de chá de jasmin na mala. Este chá foi uma boa surpresa em uma das últimas semanas: bastante perfumado, mas com sabor de jasmim apenas notável, eu diria quase discreto. Achei bem delicado mesmo e recomendo!

Gyokuro portátil

Esse foi o grande luxo dos últimos dias. Ganhei este porta-chá da Michiko, quando ela voltou do Japão. Pequeno, portátil, parecia reunir tantos elementos de suas aulas – além de toda a delicadeza da Michiko. Achei que apenas um gyokuro poderia preenchê-lo bem e assim tenho carregado na bolsa um dos meus chás preferidos (detalhe para o filtrinho dobrado e armazenado na tampa). Passei uns dias de trabalho pesado me sentindo muito digna quando tirava o potinho da bolsa para fazer chá com aquela água quente das maquininhas de café. Cometi apenas um deslize uma noite: deixei o saquinho por mais de 2 minutos no copo. Acho que foram bem mais… Cinco, seis, não sei quantos minutos. O chá mais delicioso se transformou em uma água com ajinomoto bem forte ou algo que nem consigo descrever direito! #FAIL

Biscoitinhos Dolls

Em uma dessas manhãs de sábado, antes da aula de cerimônia do chá começar, a Sensei Bertha nos mostra esses biscoitinhos caprichosamente embalados. Não dá, simplesmente não dá. Meus dias estavam cheios de trabalho, mas também de graciosidade.

cerimônia móvel

11/04/2011

Conecte. Conspire. Crie.

Essa é a proposta do Momentarium, projeto do artista suíço Markuz Wernli Saito.

O cara montou uma proposta de cerimônia do chá versão “pocket size” em plena estação de Kyoto. Ele desenrolou um pequeno tapete em um canto da estação, vestiu um colete fluorescente em que estava escrito “irasshaimase” (= “Seja bem-vindo”) e convidava as pessoas a se sentarem para degustar um chazinho com ele.  Esta performance, que recebeu o nome de “mobile tea party“, integra um projeto maior chamado “At your Service, Creative Treatments for the Urban Public”.

Mais detalhes sobre essa instalação pode ser vista aqui.

Nada mal um servicinho desse em alguma estação de  metrô em São Paulo…!

hoje é domingo, tenho um dia inteiro pela frente e estou inspirada…

Apesar da longa “ausência bloggística” nos últimos dias (os motivos foram muitos e vão desde excesso de trabalho, passando por imprevistos em diversos setores e conexão instável, muito instável), o blog não saiu da minha cabeça e nem o chá deixou de me acompanhar, mesmo que preparado com aquela água quente gratuita das máquinas de café.

Algumas frases, pensamentos e pessoas permearam estes momentos e tudo o que eu posso deixar registrado aqui são as ressonâncias de momentos agradáveis – inclusive profissionais, que têm sido gratificantes, por instantes poéticos.

A frase do Saramago resulta dessas trocas.

Na ausência, nas reminiscências, na saudade, nos reencontros e encontros casuais, muita gente passou pela minha vida…

 

SOLANGE – ISA – SOFIA – RICARDO

As passagens do Ricardo por São Paulo não passam imunes à troca de sacolas com presentes, bobagens, lembrancinhas. Meus presentinhos desta vez foram dois tsuru, a pedido da Isa que começa a se interessar por origami e me faz pensar em minha infância (o legal é que desta vez consegui encontrar com meu cunhado e deixar mais duas bobagens da cor dos papéis dos origamis para entregar para as meninas). Mas foi a Solange que caprichou mais desta vez, mandando alguns saquinhos de chás especiais…

 

CHAZINHO PÓS-YOGA

Nada, nada melhor que o momento pós-yoga às sextas-feiras para degustar o chazinho enviado pela Solange. Confesso que ando simpatizando com a mistura de chá preto com chá verde (esta, da Hawaiian Natural Tea, com maracujá e laranja, é especialmente bem tropical e vem em uma caixa muito prática, com 8 sachês, ideal para viagens). A mistura  “verde + preto” ainda não entrou para a minha top list (não sei se são as aulas da Urasenke, mas o matchá está sendo muito, mas muito apreciado), mas vamos dizer que ela tem servido bem os momentos em que fico na dúvida de qual chá tomar…  Por mais estranho, contraditório ou “impuro” que possa parecer, eu recomendo a mistura. Carline pode estrear sua caneca linda – e funcional – comprada na sua visita à Teakettle.

 

ENCONTROS NA GOURMET TEA

Eu tinha combinado com a Michiko – como de fato nos encontramos, depois de meses e acontecimentos e e-mails trocados -, mas fomos surpreendidas com a chegada da Teresa Bettinardi (encontro casual), que tinha marcado almoço na lounge store com Lúcia com Alice, que chegaram logo depois.

Quando vi Alice pela última vez, ela mal andava e agora ela já reconhece as  cores com apenas 1 ano e 8 meses – imagina a pequena na loja-pantone… Eu e Michiko estávamos de saída (ainda tinha no roteiro uma passadinha pela Japonique para encontrar com a Lili e dar um beijo na Rachel Hoshino e na Jane Aki, que se juntaram à loja para arrecadar fundos para o movimento “Todos Juntos pelo Japão“), mas ficamos para mais um chazinho depois do almoço. Michiko foi de pérolas de chá verde com menta marroquina (o aroma do Green Moroccan Mint é delicioso) e eu, na minha meta de experimentar um chá diferente cada vez que passo pela Gourmet Tea, escolhi um rooibos cítrico com gengibre, o Rooibos Citrus Ginger (noto que o gengibre tem sido uma constante nas minhas escolhas).

A Rita Rita Taraborell, chef que criou o cardápio da casa, também estava por lá!

 

CANTO URBANO

Em dois meses circulando por um lugar que concentra grandes prédios comerciais, encontrei uma viela, aquela do boteco, dos motoqueiros, que tem mesas de madeira e espaço para minhas letras e pensamentos. É lá, ouvindo Keith Jarrett e Erik Satie no talo (às vezes, são as meninas – Keren Ann, Andrea Perdue,  Au Revoir Simone e Dalida) que tenho meus pensamentos matutinos, uma xícara de expresso (pardon, pardon), meus pequenos pedaços de papel em branco e anotações soltas…

Parece que me encontro com o Puri todas as manhãs:

* Será que o som do sino deixa de existir ou nós é quem deixamos de escutá-lo?

* Quando uma fruta deixar de ser viva? (antiga, do Colar de Cerejas, que ressoa)

* Pó do chá no ar perfuma os meus sábados (reminiscência)

 

outono a caminho

20/03/2011

A semana foi de trabalho intenso. Intenso e inspirador. A cada dia que acordo, agradeço estar em contato com situações que me fazem crescer a cada dia, com as oportunidades de reflexão criativa, com encontros e situações que valem muito mais do que um rótulo de “reunião de trabalho”: propiciam uma vivência que me fazem voltar para casa com motivação infinita.

Uma das reuniões que aconteceram na semana foi em Cajamar, na Natura, percorrrendo corredores transparentes bem estar bem (mais tátil do que isso impossível) que me levam muito mais do que de um prédio para outro, mas me aproximam da experiências de vida de  1 milhão de consultoras, mulheres e brasileiras, na busca constante de cuidado, bem-estar e transformação – delas, da família, e de sua comunidade.

Quis levar o clima para o dia seguinte, de agenda lotada. A brincadeira foi “um chá por reunião” (duas foram canceladas, ufa, mas dei um jeito de tomar os 4 sachês que carregava na bolsa e não foi nenhum sacrifício).  Foi uma ótima desculpa para fazer o test drive da linha de chás orgânico frutífera, da Natura, que já andava aqui na fila .

Apesar de termos apenas 4 sachês na foto (e meu querido amigo João Felipe Scarpelini – inspirador é pouco para defini-lo), a frutífera tem 5 blends, que são denominados goles de leveza (chás verde e branco), sossego (infusões a base de melissa) e pureza (para o digestivo “carqueja, funcho e hortelã”, muito amargo, não gostei!).

 

Minhas recomendações:

* chá verde cítrico:  é o melhor chá verde de saquinho nacional que já provei (o cítrico ajuda)

* chá de melissa com rosa mosqueta e canela:  a canela dá um charme sem matar o gosto do resto, combina com a tardezinha

* chá branco com cravo: foi o que mais surpreendeu, até porque eu estava com muito pé atrás com o cravo (morrendo de medo de que o chá poderia virar quentão) e o chá branco (tenho dificuldade tomá-lo puro). Ele desbancou o chá verde cítrico e virou o meu preferido da linha, não só o meu quanto das pessoas a quem já o ofereci.

Além disso, ele é o que tem a embalagem mais fofa, com flocos de neve (na minha viagem a sutileza do branco sobre branco é sinônimo de neve), e uma caixa vertical muito prática (veja no site), que tem um picote especial para você ir retirando os saquinhos um a um sem a necessidade de ficar abrindo a caixa. O preço está acima dos chás de supermercado (R$ 15,00), mas a qualidade também é superior!

chá e design

20/03/2011

Não aguentei de curiosidade e escrevi para a Mônica Rennó, da Talchá, para saber mais sobre a luminária (postada “de cabeça para cima” agora, para você poder ver como ela fica no ambiente) citada no post sobre a última visita à loja. E fiquei sabendo que as luminárias de teto da loja foram compradas na Foscarini, empresa italiana de design que trabalha tanto com grandes nomes quanto com os “jovens talentos”. Pesquisando um pouco mais, cheguei no nome dos criadores da linha ALLEGRETTO de luminárias: a companhia suíça Atelier Oï (só de entrar no site dos caras, dá vontade de trabalhar lá, mais do que na Foscarini).

Se você quiser viajar mais um pouco no trabalho dos caras, segue um videozinho ótimo de uma intervenção/apresentação de  trabalho feita por eles em um evento de design na Suíça…

Em paralelo ao surto alegreto, recebo a notícia de que o lounge store da Gourmet Tea mal abriu e já está concorrendo ao Prêmio Casa Claudia na categoria “lojas” (se você quiser votar, entre neste link). Os arquitetos Alan Chu e Cristiano Kato assinam o projeto. Para quem ficou curioso para conhecer um pouco mais da “loja pantone”, como eu costumo chamá-la também carinhosamente devido ao seu lindo balcão com latas de chás de todas as cores, seguem as fotos de Djan Chu, bem estilo divulgação, com a loja ainda vazia (eu prefiro um certo movimento). Eu já votei porque além do balcão-pantone e das cadeiras, eu acho a fachada maravilhosa.

Quando alguém me conta que está indo para o Japão, acesso a coleção de imagens da minha viagem em 2007. Não só de imagens, mas também de sensações, sentimentos, cheiros, barulhos, sabores. Porque o Japão para mim representa “conforto”, é um encontro, em alguns momentos um ENCONTRO SILENCIOSO com algo que existe dentro de mim e é vez ou outra acessado intuitivamente (completando o post anterior, foi essa uma das minhas respostas à pergunta “O que é o Japão?” no TCC-documentário ORIENTATION, de Kenji Kihara, que pude ver ontem).

Na semana passada, o tsunami desfez a calmaria. Tsunami que tanto nos inspirou em 2008, ano do centenário, porque queríamos fazer muito barulho.

Desde sexta-feira fico tentando colher pedaços de depoimentos de amigos que estão lá, como Michiko e Claire, penso na minha tia-avó e fico me convencendo o tempo todo de que a casa da família Kobayashi, que fica em Ishioka (Ibaraki), não é tão colado ao litoral e que tudo está bem. Como saber? Será que a parede rabiscada pelo meu avô em sua infância foi varrida?

Pelo facebook, tive algumas notícas. Sei que Claire está bem e que Michiko finalmente conseguiu embarcar de volta ao Brasil. Está em algum lugar pelos ares. Soube de Valérie, amiga do Puri, que nos alugou sua casa durante a nossa temporada em Tokyo e foi ela que postou nesta manhã (para eles, noite) lindas imagens pós-tsunami, de uma tarde em Kamakura com vista para o mar: dia lindo, pessoas em um café conversandoo e contemplando a paisagem, casal curtindo a tarde com uma garrafa de vinho.

Para celebrar a vida, a foto do meu café favorito em Tokyo.